Segundo o diretor da Bradesco Cartões Marcelo Noronha a compra da administradora de cartões ligada à rede de varejo C&A é uma transação de oportunidade e não uma mudança de estratégia com vias à internacionalização. Conforme explica o fato de o processamento das unidades “private label“ e com bandeira da C&A no México já ser feito pelo Ibi do Brasil se traduz na principal sinergia do negócio. “Como já temos o Ibi aqui e uma parceria de 20 anos com a C&A tivemos a preferência nesse acordo.“

Ao contrário dos concorrentes Itaú Unibanco e Banco do Brasil com planos explícitos rumo à internacionalização desde que assumiu a presidência na Cidade de Deus Luiz Carlos Trabucco Cappi reafirma que a expansão do banco se dará prioritariamente no Brasil. Mas a transação recebeu interpretação diferente no mercado. Segundo relatório assinado por Mariana Taddeo da Link Investimentos após o movimento de consolidação do mercado brasileiro ocorrido nos dois últimos anos essa aquisição é um importante passo do setor no processo de expansão fora do Brasil. “Para o Bradesco essa é uma oportunidade de se expor ao consumo de um outro país na América Latina com grande potencial de crescimento também.“ Para alguns a operação com o Ibi mexicano poderia funcionar como uma “degustação“ do mercado daquele país para o Bradesco.

As conversações com os acionistas da rede de varejo começaram no fim do ano passado e sucederam a aquisição do Ibi no país numa transação de R$ 14 bilhão em ações – aprovada em assembleia em outubro. O pagamento pela administradora de cartões mexicana será feito em dinheiro mas o valor não foi revelado dependendo ainda das diligências nas contas da empresa e aprovação das autoridades locais e mexicana. O mercado estima que a operação ronde os US$ 200 milhões o equivalente a 25 vezes o preço sobre o valor patrimonial da ação (P/VPA) segundo a Link.

Apesar de ter comprado o Ibi no Brasil após o banco sofrer perda de depósitos da ordem de R$ 640 milhões com sensível piora na qualidade dos ativos decorrente da crise que abateu as instituições financeiras de menor porte Noronha diz que não há uma situação de vulnerabilidade na a administradora de cartões mexicana. “é uma operação bem gerida com preocupação com recursos humanos e processos eu visitei e fiquei muito bem impressionado.“

Com uma base de 1 milhão de cartões carteira de crédito equivalente a R$ 180 milhões e uma distribuição em 55 lojas da C&A o Ibi mexicano é pequeno quando comparado ao negócio no Brasil com 30 milhões de cartões 115 agências e 171 postos avançados dentro das lojas C&A. Na América Latina a rede de varejo está presente apenas no México e no Brasil e Noronha descarta que tal parceria possa ser estendida para outros mercados – a varejista atua em 18 países europeus e também na China. “Não haveria sinergias.“

Embora a administradora de cartões não se enquadre como instituição financeira o acordo no México é similar ao feito com o Banco Ibi no Brasil. O Bradesco vai tocar a operação e explorar a oferta de serviços financeiros e seguros num contrato de exclusividade de 20 anos com a C&A. A previsão é de que o negócio seja concluído até 30 de março.

No início a ideia não é adicionar nenhum produto que já não seja ofertado no mercado mexicano pela varejista. “Vamos assumir a operação e acompanhar a velocidade de crescimento da C&A vamos tomar pé da diferenciação de produtos e conhecer as nuanças as sutilezas desse mercado.“ E como não se trata de banco ou financeira outra diferença é que a operação do Ibi no México também não conta com unidades fora das lojas C&A em contraste com o Brasil em que o Bradesco herdou agências exclusivas para contratação de crédito pessoal ou operações de financiamento ao consumo.

Fonte: Valor Econômico

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