Com a negociação 743% (ou R$ 450 bilhões) de todo dinheiro depositado no sistema financeiro ficará nas mãos de cinco bancos: Itaú Unibanco Banco do Brasil Bradesco Santander e Caixa Econômica Federal. Juntos eles também terão 729% dos ativos e 722% das operações de crédito segundo levantamento da Austin Rating com base nos balanços de junho.

A pesquisa mostra que de dezembro de 1994 para cá a participação dos cinco maiores bancos do País nos depósitos totais (à vista a prazo poupança e depósitos interbancários) cresceu 263 pontos porcentuais. No caso dos ativos o aumento foi de 277 pontos e no crédito de 154 pontos.

Para alguns analistas essa concentração pode dificultar a redução dos juros e das tarifas de serviços prejudicando o consumidor que teria menos opções no mercado.Outros acreditam que a fusão fortalece o setor e em algum momento isso seria revertido em benefício do consumidor.

“O negócio dá origem a uma instituição com mais escala e capacidade de competir no exterior“ destaca Roberto Troster sócio da Integral Trust e ex-economista da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Ele salienta ainda que é a primeira vez em pelo menos 50 anos que um banco privado assume a liderança do ranking no País. Até então o Banco do Brasil era o maior.

O professor da Universidade de São Paulo (USP) Alberto Borges Matias diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad) lembra que em 1994 o setor contava com 14 grandes bancos privados. “Até ontem tínhamos 4 e agora temos 3“ diz referindo-se a Itaú Unibanco Bradesco e Santander.

Em 2003 Matias escreveu o livro Insucesso dos Grandes Bancos Privados Brasileiros de Varejo onde mostra que a formatação do setor no País é diferente do resto do mundo. Além da participação do crédito no Produto Interno Bruto (PIB) ainda ser pequena as estruturas são muito pesadas diz.

“Há uma ineficiência grande por causa da política monetária do País que envolve altos recolhimentos de depósito compulsório. Isso explica os elevados juros. Mas se a expectativa é que as taxas caiam os bancos precisam se preparar ter mais escala.“ No livro Matias prevê o aumento da concentração bancária e até brinca com o futuro nome do maior banco do Brasil: BIU as iniciais de Bradesco Itaú e Unibanco.

Na avaliação do analista da Lopes Filho João Augusto Salles num primeiro momento a fusão deve trazer alguns benefícios para o consumidor. Com mais escala os bancos remeteriam os ganhos de produtividade para os clientes. Num segundo momento porém poderá haver uma tendência de aumento dos preços.

A fusão ainda passará pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) mas não deve ter grandes dificuldades para ser aprovada diferentemente da regra de outros países. O presidente da Austin Rating Erivelto Rodrigues lembra que nos EUA o Bank of America teve de se desfazer de alguns ativos para ficar com o FleetBoston.

Fonte: Estado de S.Paulo

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