A inflação medida pelo índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 049% em fevereiro. Mas apesar de ter registrado desaceleração frente a janeiro quando cravou 054% a taxa provocou desconforto no mercado que apostava em um indicador menor de 045%. A diferença foi provocada pelos preços dos alimentos. Havia a expectativa de que tais produtos apresentariam alta de 020% ou mesmo deflação. Nas contas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) porém a comida ficou 060% mais cara depois de ter subido 152% em janeiro. Com isso os alimentos responderam por 013 ponto percentual da inflação ficando atrás somente do grupo educação com alta de 347% o correspondente a 024 ponto do IPCA. Juntos alimentos e educação (puxada pelas mensalidades escolares com elevação de 409%) garantiram 75% do índice.

“Mesmo tendo recuado no mês passado os preços dos alimentos merecem atenção” afirmou a coordenadora do Núcleo de Preços do IBGE Eulina Nunes. Para ela há muita incerteza quanto ao comportamento desses produtos uma vez que as principais commodities agrícolas a soja o milho e o trigo continuam batendo recordes de valorização no exterior e tendem a pressionar os preços internos mesmo com o dólar em baixa. Eulina chamou ainda a atenção para o fato de pela segunda vez seguida o IPCA em 12 meses ter ficado acima do centro da meta perseguida pelo Banco Central (BC) de 45%. O índice cravou 461% o maior patamar desde os 12 meses terminados em abril de 2006. Por isso acredita a técnica do IBGE o BC está tão conservador na administração da taxa básica de juros (Selic) que desde setembro do ano passado se mantém em 1125%.

Na avaliação de Eulina o dólar baixo já não está contendo os repasses dos aumentos das commodities para os produtos consumidos no Brasil. Tanto que apenas em fevereiro o óleo de soja ficou 7% mais caro. A farinha de trigo teve reajuste bem menor de 058% porque o governo eliminou o imposto de importação de 12% que incidia sobre o grão. “Mas não fosse o recuo dos preços do dólar certamente os reajustes dos produtos derivados da soja do milho e do trigo teriam sido maiores” frisou. No caso do feijão os preços continuaram apontando para cima (+821%) ainda que em uma velocidade menor do que a verificada em janeiro ( 1402%). Já os preços das carnes recuaram 1% graças ao embargo das exportações de produtos bovinos para a União Européia que obrigou os fazendeiros a jogarem o excedente de mercadoria no mercado doméstico.

Para Carlos Thadeu Filho economista-chefe da SLW Asset Management dificilmente o Banco Central terá folga para reduzir a Selic ao longo deste ano. “Eu acredito inclusive que os juros podem subir até dois pontos percentuais nos próximos meses chegando em dezembro em 1325%. Somente em 2009 o BC terá condições de voltar a derrubar a Selic” assinalou. A seu ver todos os núcleos da inflação estão bastante pressionados indicando um IPCA acima da meta. “Eu particularmente aposto em uma inflação de 47% neste ano” disse.

Mas otimista o economista-chefe da Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecormércio-RJ) João Carlos Gomes prevê que os preços dos alimentos continuarão desacelerando evitando que o BC seja obrigado a elevar a Selic. “é verdade que os preços dos alimentos são voláteis mas não vejo altas semelhantes às que ocorreram no final do ano passado” afirmou. “Nas nossas contas o IPCA fechará o ano em 44%” emendou. Isso é claro se o governo não for obrigado a reajustar os combustíveis (gasolina e diesel) devido à forte arrancada dos preços do petróleo.

Fonte: Correio Braziliense

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