Com o resultado o estoque de financiamentos encerrou 2010 com alta de 205%. O saldo de crédito com recursos livres cresceu em dezembro 15% totalizando 1117 trilhão de reais. No ano esse segmento acumulou expansão de 171%.

Tanta oferta de crédito subordinado e realimentado por uma Taxa Selic de 1125% ao ano uma das maiores do mundo era de se esperar que os bancos continuem a transferir renda e riqueza da Nação para os seus cofres principalmente a renda dos seus correntistas que colocaram os produtos financeiros no topo da lista de consumo dos brasileiros em 2010 segundo reportagem do jornal “Valor Econômico”.

Segundo o jornal as famílias brasileiras reservam em média R$ 33000 mensais para os pagamentos de crédito bancário. Aí incluídos as prestações de empréstimos pessoais e os alocados na compra de bens duráveis como carros seguros e eletrodomésticos.

O “Valor” revela que “o comprometimento da renda com pagamento de crédito bancário chega a superar os gastos com educação inclusive nas classes A e B com renda familiar mensal superior a R$ 298 mil – R$ 385 ante R$ 384. Nas classes C (renda familiar mensal de R$ 134 mil) e D e E (renda familiar mensal de R$ 809) o pagamento de crédito bancário pesa no orçamento ainda mais do que a prestação do imóvel.”

Esse comprometimento da renda familiar com os “pagamentos de crédito bancário” é fruto da constatação divulgada pelo jornal “Folha de S. Paulo” que mostra que “quase metade da população não se informa sobre crédito”. Segundo o jornal no ano passado 45% dos brasileiros disseram que nunca buscaram informações sobre financiamentos.

O percentual é ainda maior entre os brasileiros das classes DE em 54%. No segmento C fica em 44% e no AB cai para 35% de acordo com estudo da Cetelem BGN empresa do grupo francês BNP Paribas em conjunto com a Ipsos Public Affairs.

Essa oferta abundante de crédito encontra no lado do consumidor o despreparo no gerenciamento das próprias contas ampliando o endividamento fruto principalmente da inexperiência e da desinformação. O que acaba pressionando e burlando as iniciativas de juros altos adotadas pelo Banco Central que continua sem ter certeza de que suas políticas de juros altos vão ou não reduzir a inflação conforme os discursos oficiais.

Segundo Mansueto Almeida economista do Ipea em artigo publicado na “Folha” “as expectativas de inflação têm piorado nas últimas três semanas e não é claro de onde virá o arrefecimento da inflação esperado pelo BC para o segundo semestre.”.

Este cenário coloca os trabalhadores e consumidores brasileiros como o lado mais fragilizado da equação.

Por quê?

A tendência é que os juros continuem a aumentar já que a dose amarga da Taxa Selic de 1125% uma das mais altas do mundo aparentemente não está dando resultado.

Ao mesmo tempo a oferta de crédito mesmo sendo reduzida ainda tem as contas assumidas nos anos anteriores e que precisam ser pagas. Cenário que se complica quando o combinamos com a desinformação dos tomadores de crédito que não comparam juros e nem negociam as melhores condições de pagamento de suas dívidas.

O resultado que todos nós tememos é a aceleração da inadimplência que vai impactar infelizmente tanto os setores produtivos como o comércio. Deixando pelo caminho os consumidores que ficarão pendurados em dívidas e responsáveis por um surto de inadimplência no Brasil.

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