Bastante pressionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para baixar juros desde que a crise internacional se intensificou no fim do ano passado o Banco do Brasil (BB) anuncia hoje novas reduções em suas taxas de empréstimos. Diversas linhas – tanto para pessoa física quanto jurídica – deverão ser beneficiadas. Entre elas as de capital de giro cheque especial e financiamento para a compra de material de construção.
A decisão de reduzir os juros foi tomada dentro do BB antes mesmo de o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidir a nova Selic para os próximos 45 dias o que acontecerá hoje. A taxa básica de juros do país está em 1375% ao ano e a expectativa geral é de que a Selic cairá entre 05 e 075 ponto percentual. Há até quem não descarte um corte maior de um ponto. O BB vai esperar o fim da reunião do comitê à noite para anunciar sua nova tabela de juros para as linhas de financiamento.
BB reconhece que spreads bancários aumentaram
O maior banco público do país também avalia que o Copom diminuirá a Selic. Até ontem à noite executivos da área técnica faziam cálculos para estabelecer novas taxas que o BB passará a cobrar. Desde novembro o banco vem divulgando reduções nos juros de algumas linhas de crédito como para capital de giro a empresas. No fim de novembro a taxa foi cortada de 193% para 178% ao mês e no último dia 2 passou a 141%. O movimento foi repetido em linhas para o consumidor como o cheque especial e o crédito consignado.
O BB reconhece que com a intensificação da crise internacional em setembro os spreads (diferença entre os custos de captação dos bancos e a taxa efetivamente cobrada ao consumidor) subiram o que acabou elevando os juros para o consumidor. Com o cenário menos nebuloso a partir do fim do ano a instituição começou a reduzir os juros de algumas linhas.
Também pesou a pressão feita por Lula sobre os bancos públicos para que liderassem uma queda nos juros cobrados aos consumidores. O objetivo era limitar os efeitos da crise sobre o ritmo da atividade econômica e assim evitar que o acesso aos investimentos e ao crédito ficasse muito mais caro. O presidente do BB Antonio Lima Neto foi chamado diversas vezes ao Palácio do Planalto para tratar do assunto. Amanhã ele estará mais uma vez com Lula e outros banqueiros.
Fonte: O Globo