O resultado da modalidade no mês passado foi o pior para maio desde 2006. Diante da baixa rentabilidade da tradicional caderneta também está havendo uma fuga de investidores para outras aplicações como fundos de renda fixa e títulos públicos e privados. Enquanto a poupança captou R$ 273 bilhões nos últimos 12 meses os Certificados de Depósitos Bancários (CDB) por exemplo atraíram três vezes mais recursos e somaram até o último dia 31 uma fortuna de R$ 925 bilhões.

Com mais renda e um forte desejo por experimentar produtos que antes lhe eram inacessíveis a nova classe média exagerou na dose de gastança em alguns casos ficou inadimplente e mandou para o sacrifício as economias conquistadas com suor e trabalho. “O resgate na poupança foi maior que os depósitos em maio e abril em função do endividamento do brasileiro. O crédito foi farto até o ano passado e agora a fatura está pesando” justificou Wilson Motta Miceli coordenador do MBA de Mercados de Capitais e Derivativos da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa).

Em maio os depósitos na caderneta foram de R$ 1074 bilhões. Os resgates em contraponto somaram uma cifra maior R$ 1087 bilhões e deixaram um saldo negativo líquido de R$ 13 bilhão no mês. Em abril o resultado também havia ficado no vermelho só que em um volume superior em R$ 17 bilhão. “As pessoas estão usando a poupança para reequilibrar o orçamento. A nova classe média gastou demais e a inadimplência cresceu. A poupança também está perdendo captação porque há pelo menos dois anos ela não se apresenta como um bom investimento” argumentou Alan Soares consultor financeiro da Trader Brasil Escola de Investidores.

Na comparação de rentabilidade entre as opções existentes a poupança só não está pior em 2011 do que as aplicações atreladas ao Ibovespa — principal índice da BM&FBovespa — que derreteu 9% no ano. A caderneta no mesmo período rendeu pouco mais de 3% e foi engolida pela inflação oficial que chegou a 323% em abril. “As pessoas estão saindo também da poupança e migrando para títulos com rendimento pós-fixado principalmente os que acompanham a Selic (taxa básica de juros). O que ocorreu com a poupança foi em função da dívida um movimento pontual. Quem aplica nela vai continuar” avaliou Miceli.

“As pessoas também estão ganhando mais. Ao mesmo tempo há mais acesso à educação financeira. O investidor é bombardeado por esses dados e começa a aplicar intuitivamente em outros investimentos” concluiu Soares. Para os especialistas a quantidade crescente de pessoas negociando ações é exemplo claro de que o brasileiro aproveita o rendimento de outras modalidades. A captação de fundos de renda fixa também evidencia a mudança. Nos últimos 12 meses até maio essa alternativa superou a caderneta em mais que duas vezes atraindo R$ 61 bilhões.

Fonte: Correio Braziliense

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