O custo dos gêneros alimentícios de primeira necessidade voltou a apresentar em março predomínio de alta nas capitais onde o DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica. Somente em cinco das 16 cidades pesquisadas o preço dos produtos essenciais caiu: Brasília (-379%) Recife (-343%) São Paulo (-100%) Belém (-053%) e João Pessoa (-002%). Nas outras 11 localidades houve elevação as mais expressivas registradas no Rio de Janeiro (532%) Vitória (450%) Florianópolis (438%) e Belo Horizonte (342%).

Apesar da retração verificada em março a capital paulista voltou a registrar o maior custo para a cesta básica que assim ficou em R$ 22394. Como as demais localidades cujos preços da cesta estão entre os mais elevados tiveram aumento houve redução na distância entre seus valores. Porto Alegre apresentou o segundo maior custo para a cesta (R$ 21612) seguida pelo Rio de Janeiro (R$ 21466) e Belo Horizonte (R$ 21348). Os menores valores foram apurados em Recife (R$ 16613) e Aracaju (R$ 16822) e João

Pessoa (R$ 16985).

Com base no custo apurado para a cesta em São Paulo e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deveria suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação moradia saúde educação vestuário higiene transporte lazer e previdência o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Como na capital paulista o custo da cesta caiu este piso também apresentou redução passando a corresponder a R$ 1.88132 ou seja 453 vezes o mínimo de R$ 41500 que passou a vigorar em março. Esta relação é inferior à verificada em fevereiro quando o salário mínimo necessário de R$ 1.90031 equivalia a 50 vezes o mínimo de R$ 38000 e bastante próxima à de março de 2007 de 463 vezes (mínimo necessário de R$ 1.62089 e oficial de R$ 35000).

Variações acumuladas

Apenas em Aracaju a variação acumulada no preço da cesta básica no primeiro trimestre deste ano foi negativa (-172%). Pequenas elevações foram verificadas em Belém (021%) e Goiânia (032%) mas altas bastante expressivas ocorreram em capitais como Fortaleza (1058%) Rio de Janeiro (1039%) João Pessoa (952%) e Vitória (912%).

Em doze meses ou seja de abril de 2007 até março último Goiânia apresenta a maior variação acumulada (2126%) seguida por Natal (1918%) e Vitória (1877%). As menores elevações foram verificadas em Curitiba (814%) e Recife (870%).

Jornada de trabalho

Com o reajuste do salário mínimo que entrou em vigor a partir de 1º de março o tempo de trabalho necessário para a aquisição dos alimentos básicos reduziu-se. Assim o trabalhador que ganha o mínimo precisou na média das 16 capitais pesquisadas de uma jornada de 102 horas e 16 minutos para comprar a cesta de gêneros alimentícios essenciais.

Este tempo é inferior ao de fevereiro quando chegou a 110 horas e 18 minutos. Apesar de o aumento no custo da cesta ter sido superior ao reajuste concedido ao salário mínimo a jornada exigida foi também menor que a registrada em março de 2007 (106 horas e 36 minutos) visto que no ano passado a elevação do mínimo entrou em vigor em abril.

Também quando se considera a relação entre o valor do salário mínimo líquido – após a dedução referente à Previdência Social – e o percentual comprometido na aquisição da cesta o mesmo quadro se verifica. Em março a compra da cesta comprometeu 5053% do rendimento líquido contra 5450% em fevereiro e 5247% em março do ano passado.

Comportamento dos preços

Os produtos da cesta básica tiveram aumento em março na maioria das capitais.

Apenas a carne bovina e o feijão apresentaram predomínio de queda.

A carne em período de safra teve redução em nove capitais. Na comparação com março de 2007 porém o corte cujo preço é acompanhado – coxão mole ou chã de dentro – registrou alta nas 16 cidades. Os maiores recuos apurados no mês verificaram-se em Brasília (-544%) Curitiba (-451%) e Vitória (-418%). Aracaju (527%) e Belo Horizonte (339%) foram as capitais com maior elevação. No período anual os destaques são Belém (3094%) Goiânia (3020%) Florianópolis (2620%) e João Pessoa (2484%). A única taxa inferior a 100% foi apurada no Rio de Janeiro (930%).

O feijão após meses de forte alta começou a registrar retração comportamento anotado em 11 capitais. As maiores quedas ocorreram em Recife (-1960%) São Paulo (-1470%) Curitiba (-1024%) e João Pessoa (-1002%). As maiores elevações foram apuradas em Porto Alegre (689%) e no Rio de Janeiro (686%). Em função da longa estiagem no ano passado o plantio do feijão foi atrasado em dois meses e em março a colheita já começou em várias áreas. Espera-se com isso maior oferta e redução de preço.

Contudo particularmente na região de Irecê Bahia forte produtor deste item houve quebra na safra do feijão carioquinha o que pode provocar aumento em seu preço. No período de 12 meses a alta do feijão é generalizada e varia entre 9485% em Curitiba e 22685% em Fortaleza.

Dentre os itens com alta o óleo de soja foi o único a registrar aumento em todas as 16 capitais pesquisadas. As elevações mais significativas ocorreram em Salvador (3185%) e João Pessoa (2013%) e as menores em Recife (154%) e Brasília (347%). A soja matéria prima para a produção do óleo está com forte demanda no mercado internacional e os estoques estão em níveis baixos o que acarreta a alta do produto sem previsão de reversão deste quadro. Nos últimos 12 meses também foram verificados fortes aumentos que variaram entre 3771% em Belo Horizonte e 6287% em Aracaju.

O preço do pão aumentou em 14 cidades com as maiores taxas no mês apuradas em Recife (1315%) e João Pessoa (1012%). As reduções foram pequenas e ocorreram em Natal (-021%) e Brasília (-096%). Nos últimos 12 meses ocorreram aumentos em 15 regiões principalmente em cinco localidades do Nordeste: Salvador (2806%) João Pessoa (2225%) Recife (1909%) Natal (1856%) e Fortaleza (1465%). A única queda ocorreu em Goiânia (-471%). O encarecimento do trigo devido ao aumento da taxa aduaneira do principal fornecedor a Argentina levou o Brasil a importar de países como Estados Unidos e Canadá com custos bem maiores. A mesma explicação aplica-se à farinha de trigo cujo preço é pesquisado nas nove capitais do Centro-Sul do país. Oito localidades registraram alta em março que chegou a 1625% em Goiânia e 887% no Rio de Janeiro. Em Curitiba houve estabilidade. Em um ano os aumentos variaram entre 986% em Curitiba e 7714% em Goiânia. Esta situação pode porém incentivar a produção doméstica e assim reduzir a necessidade de importação.

O arroz encontra-se em período de safra mas seu preço mantém trajetória altista: em fevereiro houve aumento em nove capitais e em março em 12. As mais significativas elevações ocorreram em Goiânia (685%) Porto Alegre (438%) e Natal (406%). As quedas foram observadas no Rio de Janeiro (-628%) e Florianópolis (-323%). Desde março de 2007 o produto encareceu em 13 cidades com destaque para Fortaleza (2033%) Porto Alegre (1721%) São Paulo (1223%) e Brasília (1172%). Pequenas reduções ocorreram em Curitiba (-064%) Florianópolis (-066%) e João Pessoa (-160%).

O tomate produto cujo preço é sujeito a oscilações teve aumento em 11 capitais em março. As principais elevações foram verificadas em Florianópolis (6454%) Curitiba (4453%) e Rio de Janeiro (4244%). As quedas mais acentuadas ocorreram em Recife (-2440%) Brasília (-1381%) e João Pessoa (-1333%). Ainda assim o tomate está mais barato em todas as capitais na comparação com março de ano passado. As reduções situam-se entre -1950% em Natal e -5059% em Salvador. Houve forte alta no preço deste item no final de março o que pode significar nova elevação em abril apesar do clima favorável e da grande oferta.

Também o café subiu em março em 11 capitais com as principais elevações apuradas em Belém (820%) Vitória (586%) e Rio de Janeiro (583%). Houve estabilidade em Fortaleza e as principais retrações foram verificadas em Recife (-476%) e Salvador (-344%). Em 12 meses oito capitais apresentaram alta – a maior apurada em Belém (2406%) e oito queda a mais significativa no Rio de Janeiro (-865%). Há expectativas de boa safra no país o que poderá reduzir seu preço.

São Paulo

O custo da cesta básica recuou em março na capital paulista 100%. Com este comportamento seu valor passou a corresponder a R$ 22394 mas manteve-se como a cidade com maior preço para os gêneros de primeira necessidade. No primeiro trimestre de 2008 o custo da cesta básica teve aumento de 434% e em 12 meses sua alta chega a 1612%.

Dentre os treze produtos pesquisados em São Paulo cinco registraram redução em março: feijão carioquinha (-1470%) batata (-694%) carne bovina de primeira (-130%) arroz agulhinha tipo 2 (- 127%) e banana nanica (-125%). Leite in natura tipo C e açúcar refinado mantiveram estabilidade em seus preços. Os outros seis itens subiram: tomate (2010%) óleo de soja (853%) pão francês (168%) farinha de trigo (135%) café em pó (054%) e manteiga (044%).

Na comparação anual tomate (-2687%) açúcar (-1901%) e café (-448%) registraram retração. Apesar da queda ocorrida em março a maior alta continuou a ser apurada no preço do feijão com 16519%. Como o óleo de soja ainda mantém comportamento altista seu preço em um ano subiu 5288%. Também apresentaram elevação significativa a batata (2481%) o leite (2234%) farinha de trigo (2048%)manteiga (1732%) carne (1607%) banana (1379%) e arroz (1223%). A menor alta ocorreu no pão francês (876%).

Em março o trabalhador paulistano cuja remuneração equivale ao salário mínimo comprometeu 118 horas e 43 minutos de sua jornada mensal para a aquisição dos alimentos essenciais. Em fevereiro a mesma compra exigia 130 horas e 57 minutos. A redução deriva da queda no custo da cesta no mês associada ao aumento do salário mínimo. Em comparação com março de 2007 o tempo de trabalho é menor pois correspondia então a 121 horas e 14 minutos. Mas o salário mínimo naquele mês ainda era de R$ 35000.

Também quando se considera o valor do salário mínimo líquido – após o desconto da parcela referente à Previdência Social – verifica-se a mesma correlação. Em março último a aquisição da cesta comprometeu 5865% percentual inferior que o exigido em fevereiro (6470%) mas pouca coisa menor que o necessário em março de 2007 (5967%).

Fonte Diesel

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