Em duas dessas ofertas – Magazine Luiza e Gerdau – foram levantados no mercado de capitais R$ 58 bilhões sem a participação de bancos estrangeiros no processo. Apenas Itaú BBA BTG Pactual Bradesco BBI e Banco do Brasil coordenaram a venda das ações. é algo que não ocorria desde 2006 quando o Pactual fez sozinho as operações de M. Dias Branco e Porto Seguro. Essas ofertas mostraram que os bancos locais tiveram capacidade de distribuir os papéis das empresas brasileiras mundo afora. O relacionamento de longa data das empresas com outras áreas dos bancos locais também pesa no momento de definir quem vai liderar a operação.

Duas ofertas de ações deste ano ascenderam o sinal de alerta nos bancos de investimento estrangeiros. A varejista Magazine Luiza e a siderúrgica Gerdau venderam R$ 58 bilhões em ações sem a participação de nenhum banco estrangeiro no processo. Apenas Itaú BBA BTG Pactual Bradesco BBI e Banco do Brasil coordenaram as vendas das ações. O fato não ocorria desde 2006 quando o Pactual fez sozinho as operações da M. Dias Branco e da Porto Seguro.

Segundo informações enviadas à Comissão de Valores Mobiliários das 12 ofertas deste ano as instituições brasileiras aparecem liderando oito delas com ou sem a participação de estrangeiros no pool de bancos coordenadores das ofertas.

Não é de agora que os bancos brasileiros lideram em volume as ofertas de ações. Segundo ranking elaborado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) isso ocorre desde 2008. A novidade é os bancos locais fazerem essas colocações sem a colaboração dos estrangeiros.

Essas duas ofertas recentes mostraram que os nacionais tiveram capacidade de distribuir os papéis das empresas brasileiras mundo afora habilidade que os bancos estrangeiros sempre afirmaram ser o seu diferencial.

“O universo de investidores não é gigantesco é um grupo de cem [aplicadores]. Não vou vender para a velhinha americana que passa na rua. Ela provavelmente investe em um fundo com o qual temos contato“ diz Guilherme Paes sócio do BTG Pactual banco que participou das ofertas de Magazine Luiza e de Gerdau.

No caso da varejista o Valor apurou que 62% da oferta ficaram com estrangeiros. Já em Gerdau a participação estrangeira ficou em torno de 55%. Esses são números preliminares ainda não divulgados pelas empresas. O percentual ficou um pouco abaixo da média deste ano que era de 69% de colocação no exterior até a emissão da rede de restaurantes International Meal Company (IMC).

O Valor conversou com executivos de cinco empresas que recentemente fizeram ofertas de ações ou que estão prestes a fazê-las. Todos foram unânimes em afirmar que a qualidade de distribuição internacional das instituições locais melhorou nos últimos anos o que as capacitaria a vender as ações das companhias sem a ajuda de bancos estrangeiros.

Porém um deles ressaltou que no caso de uma oferta pública inicial bilionária não deixaria de fora a placa de uma instituição estrangeira. “Eles ainda possuem uma cobertura mais global de distribuição o que ajudaria na colocação de um volume grande“ diz ele. Companhias de setores ainda embrionários no Brasil mas bastante conhecidos no exterior também levariam à inclusão de uma bandeira global na operação pelo fato de esses bancos terem analistas especializados no tema.

Não é apenas o acesso aos investidores que tem garantido aos bancos brasileiros os mandatos das ofertas de ações. O relacionamento de longa data com outras áreas dos bancos locais pesa no momento em que a empresa escolhe quem vai liderar sua operação.

“O banco doméstico é quem tem o maior conhecimento sobre o mercado brasileiro. Muitas vezes o estrangeiro não consegue nem pronunciar corretamente o nome da companhia. O investidor sabe disso e procura o local“ diz Fernando Iunes diretor-executivo do Itaú BBA banco que até março liderava as ofertas de ações neste ano. Depois disso em abril vieram as ofertas de Magazine Luiza Time For Fun e BR Malls que responderam por quase metade do volume emitido até agora no ano.

Dentro dessa relação entre empresas e bancos um item que pesa bastante na decisão das companhias no momento de decidir quem vai participar da colocação das ações é o crédito produto que não é oferecido pela maioria dos bancos estrangeiros. O Bradesco BBI por exemplo é o único brasileiro a participar da oferta da corretora de planos de saúde Qualicorp. Ao mesmo tempo foi o banco que financiou a compra da empresa para a gestora de fundos de “private equity“ Carlyle em julho do ano passado.

Para Iunes do Itaú BBA é verdade que o crédito conta. Mas segundo ele nem de longe essa é a única questão. “é preciso ser forte em banco de investimento análise e vendas.“

Apesar do sucesso das ofertas de Magazine Luiz e de Gerdau ainda é cedo para dizer se a dominância dos brasileiros vai se transformar em uma regra. Das oito novas ofertas de ações que estão registradas na CVM nenhuma delas repetirá a fórmula vista nesses dois casos. “Foram apenas duas transações nas quais os bancos brasileiros fizeram sozinhos toda a distribuição“ diz executivo de um banco estrangeiro para quem as instituições brasileiras ainda não têm a mesma capacidade de distribuição de uma com presença global embora venham investindo para melhorar a venda de títulos e ações no exterior.

“Das 12 ofertas feitas até agora no Brasil participamos de oito delas“ diz José Olympio Pereira responsável pelo banco de investimento do Credit Suisse. ‘Temos uma base local forte compramos o Garantia no Brasil há 13 anos.

Fonte: Valor Econômico

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