Agora o banco vai buscar 60% dos resultados nos mercados emergentes e não mais os 50% anteriores. A participação das economias mais desenvolvidas vai diminuir de 50% para 40%. A decisão foi tomada em reunião de cúpula dos 55 principais executivos do HSBC do mundo todo realizada há 10 dias em Londres com o presidente Michael Geoghegan.

Na prática isso significa colocar mais fichas em países como o Brasil e China. “Definimos onde é mais importante colocar o capital“ disse Shaun Wallis um dos participantes do seleto grupo de altos executivos do HSBC que participou da reunião com Geoghegan. Na semana passada Wallis passou a presidência do banco no Brasil para Conrado Engel depois de um ano no comando. Com 30 anos de HSBC ele foi designado diretor global de negócios do banco comercial baseado m Hong Kong subordinado a Sandy Flockhart.

Na reunião da cúpula do HSBC contou Wallis foi feita uma avaliação bem pessimista do futuro da economia americana e europeia. “O que mais me impressionou foi a perspectiva a respeito da crise global totalmente diferente da que temos no Brasil. Houve uma destruição enorme da atividade econômica e financeira na Europa e Estados Unidos. Em consequência o HSBC acredita que vai levar muitos anos para superar isso e voltar aos níveis anteriores. Dizem que o pior já passou. Mas a recuperação não vai se dar em pouco tempo“ afirmou.

Enquanto isso os mercados emergentes especialmente a China estão revelando grande resistência em parte beneficiados pela forte transferência de negócios que houve nos últimos anos acarretando o aumento da poupança. Nesse cenário nasceu a nova estratégia do HSBC.

Segundo maior banco do mundo em valor de mercado o HSBC tem pelo menos duas vantagens. Uma é a resistência revelada na crise econômica o que lhe permitiu dispensar a ajuda do governo enquanto vários concorrentes de peso ainda enfrentam dificuldades. “Há menos bancos ao redor“ disse Wallis.

Outra vantagem é a origem do banco a ásia e os negócios comerciais. O HSBC foi fundado há 144 anos em Hong Kong por um grupo de empresários estrangeiros com o objetivo de financiar o comércio exterior da ásia com o resto do mundo. “O banco sempre buscou capturar os fluxos comerciais. Seu nome em chinês era Wayfoong que significa abundância de remessas de dinheiro e valores“ afirmou Wallis que já morou em Hong Kong por 12 anos e considera a cidade seu segundo lar.

Enquanto os consultores dizem que a crise vai levar os bancos a voltar ao básico Wallis diz que o HSBC nunca deixou deixou sua origem que é financiar os negócios. “O HSBC sempre esteve no básico com a diferença de que a nova área dinâmica em desenvolvimento se concentra mais no hemisfério sul e abrange a América do Sul áfrica ásia e Oriente Médio.“

Como diretor global de negócios do banco comercial do HSBC Wallis estará no centro de aplicação da nova estratégia do grupo. A área de banco comercial que oferece crédito e serviços a pequenas médias e grandes empresas faturou US$ 46 bilhões em 2008 e foi responsável por 44% dos resultados brutos do banco. E tem mostrado especial dinamismo no Oriente Médio ásia e Brasil de acordo com relatórios dos banco.

Uma das principais tarefas de Wallis será aplicar o projeto “One HSBC“ no banco comercial. O projeto foi lançado por Michael Geoghegan quando assumiu a presidência global em 2006 depois de quase dez anos no Brasil. O objetivo é padronizar produtos processos e tecnologia com a adoção de modelos comuns de negócios para a obtenção de ganhos de escala com a integração das operações nos 86 países em que atua.

O projeto está em execução com previsão para estar em funcionamento dentro de dois anos. Em cerca de 40 países os sistemas já estão integrados. Até o fim deste ano toda a América Latina estará usando um só sistema com exceção dos grandes mercados como México e Brasil que terão que esperar mais dois anos.

O projeto não envolve apenas a área tecnológica mas também a padronização de processos e modelos com o objetivo de reduzir custos e ganhar eficiência. “A ideia é ter uma cozinha e restaurantes diferentes. Geralmente as necessidades das empresas e das pessoas são quase as mesmas nas diferentes partes do mundo. Assim os produtos financeiros podem ser basicamente os mesmos apesar das peculiaridades culturais“ explicou Wallis.

Fonte: Valor Econômico

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