‘Já conhecido por ser o primeiro no ranking mundial de juros reais (descontada a inflação) o Brasil aparece no topo de outra lista: a de taxas de administração mais altas cobradas dos lojistas pelas administradoras de cartão de crédito e débito. Segundo estudo da Unfair Credit Card Fees entidade americana que congrega lojistas em 17 países a cobrança média não passa de 2%. No Brasil a média é de 29% por transação mas pode chegar a 5% de acordo com a Associação das Empresas Lojistas em Shopping Centers do Rio (Aloserj).

Na última terça-feira o Banco Central (BC) divulgou estudo pelo qual expressa descontentamento com o setor no Brasil e antecipa que tentará estabelecer nova regulamentação. O levantamento mostra que o segmento é comandado por poucas empresas não repassa ganhos de escala e tecnológicos para os lojistas e trabalha com uma rentabilidade acima do justificado pelo risco das operações.

De acordo com o analista de varejo Ulisses Reis as variações nas taxas ocorrem porque elas são negociadas com base nas taxas de juros do país além do grau de risco e do número de operações: — Os juros no Brasil são muito altos e as margens de inadimplência também. Em muitos países não se paga por exemplo anuidade do cartão.

No Rio de Janeiro mais de 80% das transações são feitas por meio de cartões segundo a Aloserj.

O pedreiro Antônio Louzada por exemplo foi ontem à Saara no Centro e usou um de seus seis cartões para comprar uma bola de futebol: — Eles me salvam na hora que preciso. Ninguém anda mais com muito dinheiro no bolso.

O estudo divulgado pelo BC contém pesquisa com 500 empresas usuárias desses meios de pagamento em que 4721% defenderam reduções nas taxas enquanto 2030% cobraram melhor atendimento. Outros 1523% defenderam o fim da cobrança do aluguel das máquinas de cartões.

A pesquisa mostrou também que 492 estabelecimentos (984% do total) disseram que usam a bandeira Visa. Usam Mastercard 954% deles. Os dados foram coletados entre 15 de setembro e 3 de outubro de 2008. O estudo ficará na página do BC (www.bcb.gov.br) para receber sugestões e críticas por três meses e após este período as autoridades vão avaliar as providências que serão tomadas.

ênio Bittencourt presidente da Saara reclama das taxas: — Se não tiver cartão não vendo. Tenho cinco máquinas aqui e pago de R$ 70 a R$ 90 de aluguel por mês. As taxas estão próximas dos 5% e além disso só recebo 30 dias depois.

Preciso pagar mais de 10% se pedir antecipação.

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) informou que avalia a possibilidade de pedir ao BC que amplie os canais de comunicação para a consulta pública sobre os dados do estudo.

— Parece que o BC finalmente acordou porque de fato há problemas na relação entre as empresa de cartões e os lojistas que acabam se refletindo sobre os consumidores — disse Marcos Diegues assessor jurídico do Idec.

Em comunicado divulgado no início da noite a Abecs associação das empresas de cartões de crédito limitou-se a dizer que suas associadas pretendem “colaborar para o aprimoramento dos trabalhos” para a “modernização e aperfeiçoamento da indústria”.

Ações da Redecard têm maior queda da Bolsa: 852% As ações da Redecard sentiram os efeitos da possibilidade de mudanças nas regras do setor e tiveram a maior queda da Ibovespa índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) com recuo de 852%. O Banco Goldman Sachs divulgou um relatório alertando para a instabilidade regulatória no setor.

O Ibovespa fechou com ganhos de 257% aos 41.976 pontos diante de notícias positivas sobre a economia americana. O dólar caiu 164% para R$ 2280.

O presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli disse ontem que a Petrobras melhorou tanto seu caixa que poderia até mesmo dispensar a captação de novos recursos no mercado externo.

No fim do ano passado a estatal foi obrigada a tomar R$ 2 bilhões junto à Caixa Econômica Federal (CEF) para pagar impostos. Gabrielli afirmou que se os preços do petróleo ficarem em US$ 37 por barril na média do ano a Petrobras terá uma geração de caixa da ordem de US$ 10 bilhões que serão aplicados nos investimentos para 2009 que totalizarão US$ 286 bilhões.

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