Entretanto todas as expectativas inclusive as da própria autoridade monetária mostravam o contrário. As projeções do BC para o índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2011 avançaram de 56% para 58% e para o ano que vem passaram de 45% para 48% — um claro recado na visão do mercado de que mais ajustes na taxa básica de juros (Selic) se farão necessários.

Hamilton ainda garantiu — apesar de classificar o cenário externo como muito incerto e de afirmar que a aversão ao risco se elevou — que há “mais chance de a inflação melhorar do que de piorar“. Já o relatório de inflação na página 89 diz o contrário. O trecho informa que a probabilidade de a carestia estourar os 65% definidos como o teto da meta cresceu. Enquanto em março era de 20% para 2011 e de 13% para 2012 no documento de junho houve um avanço para 22% neste ano e para 14% no próximo. “Realmente parece estranho ele ter melhorado a perspectiva e piorado a projeção“ ponderou Caio Megale economista do Itaú Unibanco.

“A questão é que o BC implementou uma série de ações de política monetária e no entanto as projeções pioraram. Isso significa que ele não obteve a resposta que deseja e que terá de apertar mais“ argumentou Megale. Ele explicou ainda que em dezembro antes das medidas macroprudenciais e dos ajustes na taxa de juros básica da economia (Selic) a previsão do BC era de 5% para a inflação em 2011 e de 48% para 2012. Passados seis meses algumas medidas prudenciais e uma elevação de 150 ponto percentual na taxa básica o cenário para o próximo ano não se mexeu e o deste piorou em 08 ponto percentual. Ainda assim Hamilton garantiu que a política monetária surtiu efeito e que esse impacto se fará ainda mais forte no segundo semestre do ano.

Mais juros
Carlos Thadeu de Freitas Gomes Filho economista da gestora de recursos Franklin Templeton classificou o documento como duro mas criticou o posicionamento da instituição em relação ao cenário externo. “Não tomou partido nenhum. Diz que foi complexo dúbio e reconhece que o mundo vai crescer menos que isso pode ser deflacionista“ observou. “Esse cenário se apresenta de tal forma que o BC poderia até parar de subir os juros mas não acredito que ele fará isso. Será uma alta de 025 ponto percentual e para a reunião de julho cresceram as possibilidades de mais 025“ calculou Thadeu.

Questionado sobre se mais um ajuste de 025 ponto percentual na Selic seria insuficiente para colocar a inflação no centro da meta em 2012 Hamilton não foi claro mas sinalizou a necessidade de mais esforço da política monetária para atingir esse objetivo. “Estamos fazendo o necessário para que a inflação convirja para o centro da meta“ afirmou o diretor que ainda pediu ajuda do setor privado no combate a carestia. Segundo Hamilton os patrões no momento de dar o reajuste salarial têm de olhar a inflação futura e não a passada ao conceder aumento. “As pessoas têm de ajustar seus preços olhando para frente e não para trás. Isso ajuda a controlar a inflação“ frisou.

Calendário do Copom

O Banco Central divulgou ontem o calendário de 2012 para as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) colegiado que define as estratégias de política monetária principalmente as variações da taxa básica de juros (Selic). Assim como nos outros anos serão oito reuniões com intervalo de 45 dias entre cada uma delas. A primeira do ano que vem irá ocorrer em 17 e 18 de janeiro. Na sequência as outras ocorrerão em março abril maio julho agosto outubro e a última em 27 e 28 de novembro. Os encontros se dão sempre em dois dias terça e quarta-feira. O primeiro destinado às apresentações de dados o segundo para as decisões.

Fonte: Correio Braziliense

Deixe um comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios estão marcados *

Postar Comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.