No relatório mensal de crédito relativo a março divulgado em abril o BC apontou um spread médio de 28 pontos percentuais sendo 184 pontos nos empréstimos para empresas e de 351 pontos para pessoas físicas. Essas taxas são relativas aos empréstimos concedidos em março.

Em seu Relatório de Estabilidade Financeira (REF) o BC apontou um spread médio relativo aos últimos 12 meses encerrados em dezembro de 10 pontos percentuais (ver gráfico). A taxa é claramente declinante tendo saído da casa dos 18 pontos há dez anos.

Em primeiro lugar o spread do relatório de crédito é relativo ao fluxo de empréstimos concedidos em março enquanto o do REF refere-se às operações realizadas ao longo de 2011. Mas o que explica tamanha distância entre os números é o universo de linhas de crédito contemplado em cada cálculo.

O spread de 28 pontos percentuais da nota mensal de crédito refere-se a créditos concedidos a partir dos chamados recursos livres aqueles que não têm direcionamento obrigatório (como rural e imobiliário) e não contam com subsídio como os financiamentos do BNDES. Pegaria pouco mais de 50% dos empréstimos para pessoas físicas e quase 40% do crédito para empresas dando grande peso a linhas caras como crédito pessoal e conta garantida.

Já o spread do REF pega todas as modalidades de crédito porque é extraído pelo BC das demonstrações contábeis dos bancos. A taxa de 10 pontos é bem inferior aos 28 pontos apurados segundo a primeira metodologia porque inclui linhas que contam com melhores garantias e por isso têm risco e taxas mais baixas. Além dos financiamentos imobiliários e dos empréstimos do BNDES entram na conta os créditos consignados aqueles com prestação descontada diretamente na folha de pagamento. O consignado representou uma revolução no mercado de crédito brasileiro permitindo o barateamento dos empréstimos pessoais justamente por causa da segurança de recebimento para os bancos. O crescimento do consignado e do imobiliário explicam segundo o BC diz no REF o declínio do spread ano a ano. Essa segunda forma de cálculo se aproxima do spread divulgado pelos grandes bancos em seus balanços na casa de 13 pontos.

Consultado o BC explicou por meio de sua assessoria que considera corretas as duas formas de cálculo e que cada uma delas tem uma vantagem. O spread divulgado na nota de crédito “leva em conta as taxas de juros que refletem com mais fidedignidade condições de mercado“. Já o spread contido no REF é considerado mais “abrangente“ pelo BC ao levar em conta o crédito subsidiado.

Fonte: Valor Econômico

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