A crise financeira global já fez o patrimônio da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) encolher cerca de R$ 15 bilhões desde maio. Ontem o diretor de investimento da entidade Fábio Mozer admitiu que não há como escapar de “uma crise desse tamanho”. “Nós perdemos. Todos estão perdendo. Mas não estamos realizando essas perdas. Quando a bolsa voltar a subir nós também vamos nos recuperar” amenizou.

No entanto só um “milagre” na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) diz Mozer pode levar os fundos de pensão a conseguirem bater suas metas atuariais este ano. “Como a inflação subiu temos que ter uma rentabilidade ainda maior do que antes” disse. O diretor explica que a meta é fixada com base na variação do índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) mais 575% ao ano. Entre janeiro e junho a Previ só tinha conseguido atingir um porcentual de 162% contra uma meta que era de 7%. Os ganhos obtidos pelo fundo nos segmentos de renda fixa imobiliário e de outras operações não são suficientes para compensar a queda forte das aplicações em bolsa.

Este ano a venda de ações no mercado somou R$ 15 bilhão bem abaixo dos R$ 55 bilhões registrados ao longo de todo o ano passado. A estratégia adotada pelo fundo nesse cenário incerto é ficar fora do dia-a-dia da Bovespa. “Não vamos nos preocupar muito porque o preço das ações é que caiu mas as empresas estão muito bem. Os fundamentos estão bem.”

Além disso segundo ele a turbulência torna impossível que o fundo consiga cumprir este ano o cronograma de desinvestimento para que se enquadre às normas do Conselho Monetário Nacional (CMN) que estabelecem uma redução da fatia em renda variável para 50% até 2012.

Para tentar minimizar o problema do desenquadramento a Previ decidiu focar na venda de algumas participações acionárias como o caso da Paranapanema e do complexo turístico Costa do Sauípe. A expectativa de Mozer é que até o fim do ano a venda dos dois ativos esteja concluída. “Tiramos o pé das vendas ao mercado e estamos focando na venda das participações” que segundo ele possibilitam negociar melhor o preço dos ativos.

O diretor explica ainda que o fato de a fundação ter freado o ritmo de venda de ações em bolsa não atrapalha os desembolsos programados para 2008 que somam R$ 6 bilhões. Os recursos virão das receitas obtidas nos segmentos de renda fixa imobiliário ou do caixa gerado pelas operações de empréstimos aos participantes do plano de pensão.

Mas ele pondera que o cenário brasileiro é diferente do americano onde os bancos e as companhias têm problemas reais. A Previ tem 65% de seu patrimônio – que totaliza R$ 125 bilhões – aplicado em renda variável. Em maio o patrimônio atingiu a marca histórica de R$ 140 bilhões.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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