‘A aposentadoria deve ficar mais cara para os participantes de planos de previdência fechada como os fundos de pensão de estatais e empresas privadas. Com a redução na meta atuarial – que é o rendimento necessário para que o fundo consiga pagar a seus beneficiários ao longo dos anos – determinada pelo governo os trabalhadores podem ter que contribuir até 37% a mais por mês segundo estimativa da planejadora financeira e professora da Fundação Getulio Vargas Myrian Lund. Pelos cálculos da especialista uma pessoa com 30 anos terá que aumentar de R$ 1.23163 para R$ 1.69722 sua contribuição para conseguir uma renda de R$ 10 mil (sem considerar a inflação) ao se aposentar com 65 anos. Para quem tem 40 anos o aporte mensal terá que subir de R$ 2.50154 para R$ 3.10372.

A meta atuarial terá que ser reduzida gradativamente a partir deste ano de 6% ao ano mais inflação para 45% mais a inflação num prazo de seis anos (até dezembro de 2018). A mudança foi aprovada pelo Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) e já está em vigor. A redução da taxa básica de juros da economia no entanto torna esse rendimento cada vez mais difícil. O setor de previdência fechada reúne hoje cerca de 23 milhões de trabalhadores ativos no país.

– A meta atuarial teve que mudar por causa dos juros mais baixos. Essa é a nova realidade dos planos de previdência e o esforço tem que ser maior para todo mundo – afirma Myrian.

Para se ter ideia da importância dos rendimentos para o valor que se recebe na hora da aposentadoria cerca de 65% do valor do benefício são pagos com o retorno obtido com os investimentos segundo o secretário-geral da Funcef Geraldo Aparecido se considerarmos a meta atuarial de 6%. Com a redução para 45% a fatia será muito menor. Novos aportes das estatais nos fundos não estão descartados.

Alguns fundos de pensão se anteciparam e já reduziram um pouco sua meta. A Funcef dos funcionários da Caixa reduziu de 6% para 55% essa taxa em 2010. Já a Petros aprovou a redução para 55% na última reunião de 2012 de seu Conselho Deliberativo. E a Previ dos funcionários do Banco do Brasil informou que já pratica meta de 5% para o plano de benefício definido da instituição (em que o trabalhador sabe antecipadamente valor da aposentadoria) e de 55% para o Previ Futuro plano de contribuição definida. A meta da Valia da Vale por sua vez é hoje de 55% afirma Maurício Wanderley diretor de investimentos e finanças da instituição.

– Com a mudança os participantes de contribuição variável terão o benefício reduzido lá na frente ou terão que aumentar o esforço para garantir o mesmo benefício seja aumentando a contribuição ou retardando a aposentadoria – diz Aparecido.

Para o vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp) José Ribeiro muitos fundos estão preparados.

– Essa é uma tendência de longo prazo que deve persistir a menos que o Brasil ande para trás o que ninguém quer.

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