‘A crise já afeta os resultados financeiros das seguradoras. As maiores companhias do país tiveram perdas com as aplicações de seus reservas principalmente por conta da marcação a mercado nos preços de títulos do governo que seguem índices de inflação. Na Bradesco Seguros e Previdência houve perdas também com aplicações na bolsa. Ontem a Porto Seguro anunciou queda de 14% na receita financeira neste ano até setembro. Na SulAmérica não houve queda em valores absolutos mas a rentabilidade dos investimentos caiu de 100% do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI) no ano passado para 74%.

Segundo os executivos este é o único impacto da maior crise financeira em décadas nas seguradoras. As vendas continuam em alta neste momento. A SulAmérica anunciou ontem à noite que sua receita com os prêmios de seguros totalizou R$ 2 bilhões no terceiro trimestre aumento de 19% em relação a igual período de 2007 e 9% maior comparado ao trimestre anterior.

A SulAmérica divulgou lucro líquido nos primeiros nove meses do ano maior que o de todo o ano passado. O ganho recorrente foi de R$ 1211 milhões no trimestre alta de 85% frente ao ganho do mesmo período de 2007. No acumulado do ano o lucro foi de R$ 3279 milhões superando os R$ 321 milhões de 2007.

As principais carteiras da seguradora tiveram aumento nas vendas. O seguro saúde (53% da carteira total da SulAmérica) cresceu 11% no trimestre com destaque nas apólices para pequenas e médias empresas com aumento de 21%. O seguro para automóveis (30% da carteira) também teve recuperação com expansão de 30% no trimestre.

Para Arthur Farme d’Amoed Neto diretor de relações com investidores da seguradora a maior competição e a guerra de preços em 2007 acabou reduzindo os prêmios das apólices de automóveis que agora se recuperam. A competição nos preços teve impacto no índice combinado (que mostra a eficiência operacional) que subiu de 968% no terceiro trimestre de 2007 para 992% agora.

Na Porto as vendas também subiram. Sempre considerando números do terceiro trimestre os prêmios auferidos cresceram 21% para R$ 13 bilhão. No caso dos automóveis principal produto da seguradora com 60% da carteira o aumento foi de 16%. Considerando apenas as operações da Azul Seguros seguradora da Porto com preços mais populares a expansão dos prêmios foi de 82%. A Azul porém tem maior sinistralidade de 685% no trimestre frente a 476% da Porto ambos dentro das metas estabelecidas para 2008.

A seguradora porém teve forte queda no lucro. No trimestre caiu 42% para R$ 75 milhões. No acumulado do ano baixou 40% e ficou em R$ 211 milhões. A rentabilidade patrimonial no trimestre baixou de 317% para 154%.

Segundo José Tadeu Mota diretor de RI da Porto quatro fatores explicam a queda nos lucros. O primeiro são as fortes chuvas e as enchentes em São Paulo no início do ano que aumentaram os sinistros e ainda têm reflexo nos ganhos. O segundo ponto foi uma sinistralidade maior que o previsto na carteira de seguro saúde para empresas; o terceiro fator foi uma receita financeira menor por conta da queda nas aplicações financeiras. Tadeu também cita uma maior despesa de comercialização para a venda de seguros de autos junto a corretores com outro ponto a influenciar os números.

Na Bradesco Seguros por conta de investimentos em ações a receita financeira caiu 11%. As perdas no mercado acionário com aplicações das reservas foram de R$ 185 milhões. Cerca de 5% dos recursos da maior seguradora do país estão aplicados na bolsa. Na Porto e na SulAmérica a renda variável responde por apenas 2%.’

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