Em São Paulo onde há a maior concentração de bancos privados do País 54% das agências bancárias impedidas de funcionar por causa da greve são basicamente da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil. Em outras regiões a paralisia nessas duas instituições – que atendem à clientela de menor poder aquisitivo e executam operações que não são de interesse dos bancos privados – é ainda mais forte prejudicando por exemplo quem depende de uma instituição oficial para receber aposentadoria ou pensão.

Os bancários estão pedindo um reajuste de 6% a título de reposição da inflação mais 5% de aumento real e a concessão do 14.º salário. Eles também reivindicam três salários a título de Participação nos Lucros e Resultados elevações dos pisos para contínuos atendentes de telemarketing e funcionários de portaria escritório e tesouraria e o fim de metas de produtividade que consideram abusivas. A categoria pleiteia ainda um reajuste automático sempre que a inflação medida com base na variação mensal do índice do Custo de Vida do Dieese ultrapassar 3%.

Braço sindical da Febraban a Fenaban propôs um aumento de apenas 429% e rejeitou quase todas as demais reivindicações dos bancários. Os bancos públicos cujos servidores têm direito à estabilidade são os mais afetados pela greve. Como os dias parados costumam ser compensados as greves nessas instituições costumam ser longas. Já os bancos privados cujos funcionários podem ser demitidos a qualquer momento e não recebem pelos dias não trabalhados resistem às pressões e não têm pressa em chegar a um acordo. Para tentar evitar que os sindicalistas impeçam a entrada de clientes nos bancos os bancos privados chegaram a entrar nos tribunais com um pedido de interdito proibitório – instituto jurídico que impede manifestações nas portas das agências.

O problema é que as negociações salariais no setor bancário ocorrem numa mesa única que define as mesmas cláusulas tanto para os bancos públicos quanto para as instituições financeiras particulares. E é por isso que a Fenaban está próxima de um impasse.

Como quase todos os dirigentes das instituições financeiras públicas vieram dos meios sindicais são simpatizantes do PT ou filiados ao partido e chegaram ao cargo por indicação política no governo do presidente Lula eles tendem a ser mais sensíveis do que os diretores dos bancos privados às reivindicações dos bancários. Além disso como as pequenas cidades do Norte Nordeste e Centro-Oeste são servidas somente pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco do Brasil o governo teme que o descontentamento da população dessas cidades acabe prejudicando a candidata governista Dilma Rousseff em regiões onde ela foi bem votada no 1.º turno.

Por isso os dirigentes dos bancos públicos estão pressionando a Fenaban a chegar o mais rapidamente possível a um acordo aceitando o que está sendo pedido pelos bancários cujo dissídio coletivo é no mês de setembro. Uma mostra da disposição das instituições financeiras públicas a acatar o que está sendo reivindicado pelos bancários foi dada pelo Banco Nacional Regional de Brasília (BRB) cuja diretoria acaba de fechar um generoso acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores das Empresas de Crédito (Contec). Por meio dele os bancários terão um aumento de 12% – ou seja 1% a mais do que o reivindicado pela categoria – e férias de 35 dias entre outros benefícios.

Como a greve se expandiu na última semana os dirigentes dos bancos públicos temem que ela possa alastrar-se ainda mais nos próximos dias. E como os bancos privados não querem ter seus interesses pautados por razões eleitorais isso pode provocar uma crise na Fenaban.

Fonte: O Estado de S.Paulo

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