“Alguns me perguntam o que espero para o futuro o que espero para a vida pública. Eu espero terminar de fato esse mandato juntamente com o presidente Lula“ disse Meirelles na noite de ontem ao participar de cerimônia na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Questionado se o discurso tinha tom de despedida ele abriu um sorriso. “Foi de celebração“ respondeu.

Até agora o mais cotado para a cadeira de Meirelles é uma solução doméstica: Alexandre Tombini diretor de Normas do Banco Central. Mas também foram sondados o presidente do Bradesco Luiz Carlos Trabucco; o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) Fábio Barbosa (Santander) e o economista-chefe do Bradesco Octávio de Barros.

Tombini tem bom relacionamento com o ministro da Fazenda Guido Mantega que permanecerá no cargo. O plano de Mantega com o aval de Dilma é reduzir a dívida interna líquida para 30% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2014. A intenção é que os juros reais cheguem a 2% ao ano no fim do mandato.

As especulações sobre a saída de Meirelles provocaram oscilações no mercado ontem. A presidente eleita quer fechar a escalação da equipe econômica até o fim da semana. Ela ficou muito contrariada com Meirelles ao saber que ele impôs condições para ficar no cargo – como a manutenção da autonomia na definição dos juros – quando estava em Frankfurt na Alemanha.

Telefonema. O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci chegou a telefonar para Meirelles para saber se as declarações eram verdadeiras. Ele negou.

Em conversas reservadas Dilma disse que a autonomia do Banco Central será mantida em qualquer situação. O mal-estar provocado com a repercussão dos comentários de Meirelles fez com que seus amigos desmentissem que ele tenha rejeitado a hipótese de ocupar um mandato-tampão nos seis primeiros meses do próximo governo.

As divergências entre Mantega e o presidente do BC foram citadas como pano de fundo para o embaraço. Discípulos de Meirelles dizem que a Fazenda promove a “queimação“ do chefe da política monetária.

O presidente Lula gostaria que Meirelles permanecesse no primeiro escalão em outro ministério pelos serviços prestados ao governo. Uma das áreas cobiçadas por ele é a de Transportes hoje capitaneada pelo PR. Filiado ao PMDB o presidente do BC era o nome preferido de Lula para vice de Dilma por sua credibilidade no mercado financeiro mas o deputado Michel Temer (SP) foi o indicado.

Planejamento. Dilma quer agora transferir o acompanhamento de planos importantes do governo Lula como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa Minha Vida para o Planejamento. Xodós da administração petista os projetos foram preparados quando ela era chefe da Casa Civil e até hoje continuam sob o guarda-chuva dessa pasta.

Os novos formatos da Casa Civil que ficará mais enxuta e do Planejamento com mais musculatura foram discutidos em reuniões realizadas ontem na Granja do Torto.

Fonte: O Estado de S.Paulo

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