E os planos odontológicos por sua vez passarão a oferecer os tratamentos popularmente conhecidos como bloco e coroa.

A Folha apurou que esses são alguns dos cerca de 70 procedimentos que por determinação da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) entrarão no pacote mínimo que as operadoras são obrigadas a oferecer a seus clientes.

Procurada a ANS disse à Folha que não poderia comentar o tema. A agência afirmou que só amanhã apresentará a nova lista de procedimentos obrigatórios. A atualização beneficiará os 437 milhões de pessoas com plano médico ou odontológico contratado após janeiro de 1999 quando entrou em vigor a lei que regula o mercado.

O transplante de medula que será incluído na lista é o alogênico (doação feita por outra pessoa). Os planos já cobrem o autólogo (a medula transplantada é do próprio paciente).
O transplante é indicado principalmente para tratar a leucemia (câncer nas células do sangue). Incluindo os cuidados do paciente após o transplante o procedimento custa ao governo entre R$ 60 mil e R$ 80 mil.

Para o médico Carmino Antonio de Souza presidente da Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia a inclusão do transplante de medula óssea no pacote básico não terá um impacto grande nas contas das operadoras:

“O procedimento é caro [até R$ 80 mil] mas não é tão comum. Deveremos ter uns 150 transplantes por ano [cobertos pelos planos]. A maioria continuará sendo feita pela rede pública. Imagino que R$ 1 a mais nas mensalidades cobrirá os custos na área privada.“

Exame de câncer

O exame de câncer que os planos terão de cobrir é o PET/CT. Ele tem duas funções básicas: identificar o câncer em estágio inicial e mostrar em tempo real como o organismo está reagindo ao tratamento.

Um exame de PET/CT custa na rede privada algo em torno de R$ 3.500. De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear 30 clínicas e hospitais brasileiros possuem esse aparelho de R$ 2 milhões.

“A inclusão no rol da ANS certamente vai estimular o aumento do número de aparelhos no Brasil“ afirma o médico Marcelo Livorsi da Cunha presidente da Associação Brasileira de Medicina Nuclear.

A Abramge (associação das operadoras do tipo medicina de grupo) diz que a atualização dos serviços básicos encarecerá os planos médicos.
A ANS diz que em 2008 quando ocorreu a última atualização houve um reajuste de 1% nas mensalidades.

As empresas de planos odontológicos preveem também aumento nas mensalidades. Segundo o presidente do sindicato das empresas de odontologia de grupo Carlos Squillaci os planos hoje se concentram nas classes mais baixas. As mensalidades giram em torno de R$ 15 diz um valor que cobre todos os procedimentos básicos.

“é como se agora tivéssemos de dar à população só TV de plasma. Mas não se pode dar TV de plasma se a mensalidade só cobre TV comum“ compara.

Já Newton Miranda de Carvalho da Associação Brasileira de Odontologia acredita que na prática as operadoras não aumentarão as mensalidades -por causa da alta concorrência. Mas os clientes serão prejudicados de qualquer forma.

“A mensalidade paga pelo cliente é a mesma e o valor que o dentista recebe do plano é o mesmo. Há muita operadora que paga R$ 4 por procedimento. Mas as próteses [o bloco e a coroa] são caras. Resultado: o dentista trabalhará com material de má qualidade ou abandonará o plano.“

Fonte: Folha de S.Paulo

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