Atualmente as ações ordinárias (com direito a voto) do IRB pertencem ao Tesouro. O BB já está dentro da empresa mas com menos de 1% do capital total. O plano agora é adquirir algo entre 30% e 50% do capital votante.

“Como temos uma estrutura pronta no IRB e uma estrutura eficiente embora pequena fizemos uma oferta ao Tesouro que a achou interessante de comprar uma participação acionária expressiva“ disse ao Valor o presidente do Banco do Brasil Aldemir Bendine. “O BB seria o maior acionista mas faria num segundo momento um rearranjo societário para administrar com os sócios privados um instituto mais eficiente e com uma escala muito mais ampla que a atual para dar suporte ao mercado.“

O IRB que atua como empresa seguradora das seguradoras tem uma estrutura modesta para o tamanho do mercado brasileiro de seguros que vem crescendo a taxas superiores a 10% ao ano. A empresa contabilizava até setembro passado R$ 103 bilhões em ativos patrimônio líquido de R$ 19 bilhão e lucro acumulado neste ano de R$ 1405 milhões.

A legislação vigente acabou com o monopólio do resseguro no país mas a transição para um ambiente de livre-mercado tem sido gradual. Hoje apenas quatro empresas além do IRB têm autorização para operar como resseguradoras locais no Brasil – J. Malucelli Mapfre XL e Munchener Ruck do Brasil. A lei garante às empresas nacionais a preferência de 60% dos contratos de resseguros assinados no país. A partir de janeiro o percentual será reduzido para 40%.

Nos próximos anos o mercado de seguros e resseguros deverá crescer de forma acelerada. O presidente do Banco do Brasil lembra que haverá investimentos pesados em infraestrutura o que demandará a realização de seguros de grande porte. Entre as obras previstas está a construção de estádios de futebol e de estruturas físicas para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro além de investimentos vultosos da Petrobras na exploração de petróleo na camada pré-sal.

“é aí que entra o resseguro“ observou Bendine. O setor tem um significado especial para o Banco do Brasil neste momento. Bendine conta que o segmento de seguridade responde por apenas 10% do resultado do BB face a uma média de 30% nos principais concorrentes da instituição. No passado o banco estatal atuava apenas na corretagem de seguros. Nos anos 90 fechou parcerias com seguradoras privadas.

“Foi um grande movimento. Antes o banco era só corretor. Há 15 anos criamos aquela estrutura e tivemos uma captura de valor espetacular mas o modelo ficou envelhecido“ disse o presidente do BB. “Seguro é um negócio fabuloso mas o mercado no Brasil ainda é incipiente. O setor corresponde a apenas 3% do PIB. Em países mais avançados é de 10% para cima.“

A ideia do BB de negociar um novo arranjo societário com os principais sócios do IRB tem o propósito de diluir os riscos da atividade de resseguro. “Na primeira linha do financiamento entrarão as seguradoras brigando [no mercado de seguros] e depois elas compartilharão o risco dos investimentos dentro de um grande instituto“ comentou Bendine. “O IRB tem potencial para se transformar em algo muito grande lá na frente.“

Atualmente os bancos brasileiros não trabalham com operações de seguro de grande porte. Quando compra suas plataformas de produção a Petrobras informou Bendine busca atores desse mercado no exterior. “Hoje não temos uma plataforma de resseguros no Brasil. Quem faz resseguros no país são plataformas estrangeiras que contratam operação por operação uma modelo totalmente ineficiente“ observou.

A venda do IRB ao BB traz uma vantagem política para o governo Lula. Como o Tesouro é também o acionista majoritário do banco fica descartada a possibilidade de privatização do instituto como cogitou fazer o então ministro da Fazenda Antônio Palocci ao incluir a empresa no Programa Nacional de Desestatização (PND).

Ao comprar o controle do IRB o Banco do Brasil poderá negociar uma parceria com os sócios privados assegurando uma gestão técnica e profissional do instituto. Nesse modelo o banco não perderia no entanto o direito de veto sobre as principais decisões da empresa.

Fonte: O Estado de S.Paulo

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