Segundo a Folha apurou há razões econômicas e políticas para Lula tentar adiar a alta. Ele não quer dar à oposição munição para atacar o governo numa hora de definições no quadro eleitoral.
Do ponto de vista econômico Meirelles disse a Lula que é consenso no Copom a elevação dos juros no curto prazo e que a decisão deve ser de 025 ponto percentual. No entanto relatou que há divisão no BC sobre o momento: se na reunião desta semana ou no encontro de 27 e 28 de abril.

Uma ala do BC prefere aguardar o final do primeiro trimestre para ter projeção mais segura sobre a inflação. Se a projeção deste ano se mantiver acima do centro da meta de inflação que é de 45% ao ano pelo IPCA (índice de Preços ao Consumidor Amplo) o BC apanhará menos se subir os juros.

Essa ala defende que a ata da reunião desta semana faça sinalização forte indicando alta dos juros no final de abril. Ao endurecer o discurso o BC criaria na prática um efeito no mercado para frear ímpetos inflacionários sem elevar a taxa.

Um outro grupo do BC alega que já existem razões suficientes para elevar a Selic. Todos no BC concordam que a eventual elevação deve ser gradual.

Depois de Meirelles ter apresentado o cenário econômico a Lula houve debate político. Lula prepara a saída da ministra Dilma Rousseff da Casa Civil no próximo dia 29 ou 30. Seria melhor politicamente adiar a previsível crítica da oposição à alta dos juros.

Outra razão política: Meirelles deverá deixar o BC até 2 de abril para concorrer nas eleições de outubro. O mais provável é ser candidato a senador pelo PMDB de Goiás mas ele sonha em ser vice de Dilma.

Lula quer esperar a definição de José Serra. O tucano deverá sair do cargo até 2 de abril e lançar seu nome ao Palácio do Planalto após a Semana Santa.
Mais: até o final de abril Lula espera que o pré-candidato do PSB Ciro Gomes já tenha desistido de concorrer ao Planalto facilitando a estratégia presidencial de confronto plebiscitário entre Dilma e Serra.

Em resumo Lula sabe que os juros vão subir mas pediu a Meirelles que tente adiar para o fim de abril. O presidente do BC gostaria de atendê-lo.

Fonte: Folha de S.Paulo

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