Em reunião realizada na sede nacional da CTB na cidade de São Paulo na última sexta-feira (18) representantes da Força Sindical UGT CGTB e NCST decidiram promover um ato em frente à sede paulista do Banco Central (BC) no dia 23 de julho.

Há uma convicção no pensamento político e econômico brasileiro avançado de que o Brasil vive uma rara oportunidade de adentrar em um ciclo de desenvolvimento duradouro com ritmos e índices compatíveis com seu porte e necessidades. Esse mesmo pensamento faz o alerta de que esta oportunidade está sendo sufocada pela vigência de uma política macroeconômica que ao fixar juros estratosféricos superávits fiscais elevados e uma política cambial nociva às exportações obstaculiza o desenvolvimento duradouro.

A principal ferramenta desta tendência conservadora é a manipulação da taxa básica de juros a Selic pelo BC que ameaça manter o país preso ao velho círculo vicioso de crescimento contração e estagnação. Este alerta é emitido de toda parte — exceto dos banqueiros dos especuladores nacionais e estrangeiros que multiplicam a cada ano seus ganhos fabulosos. Os juros altos afetam a demanda por produtos a capacidade de financiamento da indústria e a decisão de investimento.

Mesmo diante desse vigoroso coro nacional pelo desenvolvimento o “mercado“ já pré-anuncia por meio da mídia que o Copom vai uma vez mais aumentar a taxa de juros. A justificativa do “mercado“ e do Copom para tais aumentos já deixou de ser de tão surrada argumento para se tornar uma ladainha. A cada reunião da “autoridade monetária“ ela eleva os juros “devido o aumento dos preços“ aos riscos de não se cumprir as metas de inflação.

A chantagem do Copom

De nada tem adiantado a opinião de inúmeros economistas que demonstram cabalmente que os juros altos servem para combater a “inflação de demanda“ (causada pela falta de produtos no mercado ou pelo excesso na capacidade de compra da população).

Como se sabe é evidente que no Brasil atual nem há falta de produtos tampouco a população anda com os bolsos cheios para provocar uma febre de consumo. Segundo diferentes estudos a pressão inflacionária não é de demanda e sim causada por diferentes outros fatores — principalmente de natureza externa como a alta dos alimentos e do petróleo além da queda dólar.

O Copom chantageia com o risco nunca tecnicamente descartado de volta da inflação. Explora o imaginário de um povo traumatizado pela carestia. “Fabrica“ uma dicotomia entre expansão econômica e estabilidade. Mas tal discurso vai revelando sua inconsistência. As metas de inflação ditas por vozes gabaritadas como exageradas vão se apresentando como uma cortina de fumaça. A questão é: o Copom está de olho nas metas de inflação ou com corpo inteiro atado “às metas da banca ao apetite insaciável dos especuladores?“

Trabalhadores não podem se calar

Na prática essa política de juros altos serve apenas aos interesses de uma minoria — os 20 mil clãs de famílias que especulam com os títulos da dívida segundo revelou em 2005 um estudo do economista Marcio Pochmann.

Nos últimos 20 anos afirma “houve a transferência acumulada de R$ 12 trilhão ao ciclo da financeirização por intermédio do pagamento de juros aos ricos que detêm a posse dos títulos públicos“ diz ele. “As decisões do Copom são tomadas por apenas oito pessoas nenhuma delas detentora de mandato conferido pelo povo” afirma Wagner Gomes presidente da CTB.

O Copom foi fundado no Governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) em junho de 1996. Desde então tem se mantido como reduto do fundamentalismo monetarista prejudicando o desenvolvimento nacional em nome de um suposto rigor no combate à inflação.

“O Governo Lula não mudou esta orientação: a diferença é que agora o monetarismo exacerbado do BC choca-se diretamente com a ala do governo que deseja acelerar o crescimento” explica Wagner Gomes. “Os trabalhadores são os mais penalizados e não podem se calar diante desta realidade” diz. “é importante um esforço em todo o país para fazer grandes atos no dia 23“ finaliza o presidente da CTB.

(Fonte: Portal da CTB/Osvaldo Bertolino)

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