A Klabin e a Votorantim Celulose e Papel (VCP) estão oferecendo o reajuste com base nos índices de inflação de 704% enquanto os trabalhadores que começaram a campanha pedindo 5% de aumento real agora já admitem fechar acordo com reajuste total de 75% – menos de 05% de ganho real. Mesmo assim as duas empresas argumentam que sofreram prejuízos decorrentes da crise financeira segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Papeleiros (Sinap) Mário Ventura. Ele não descarta a possibilidade de uma paralisação para forçar novas negociações.

O sindicato baseia sua reivindicação no crescimento do setor no primeiro semestre deste ano em relação a 2007 no saldo da balança comercial e na alta de 195% do preço da celulose. O impasse segundo o dirigente foi inesperado. “Não dá para admitir que grandes empresas que até três meses atrás anunciavam grandes investimentos com relevante crescimento queiram apenas negociar com base na inflação“ diz. As demais empresas segundo o sindicato ainda se mostram dispostas a conversar sobre o aumento de 75% o que significaria 046% de aumento real e um abono de R$ 850.

Com data-base em 1º de novembro as negociações no setor químico começaram semana passada. A contraproposta das empresas é esperada até 31 e outubro. A categoria reivindica reposição da inflação (INPC de 672%) mais 75% de aumento real. O ganho pedido é maior que em 2007 quando o grupo conseguiu 15% de reajuste acima da inflação. Segundo o diretor do Sindicato dos Químicos de São Paulo Edson Passoni a dificuldade tem sido incluir um ganho de produtividade no reajuste.

As negociações já começaram também para o setor aéreo. A categoria tem como primeira reivindicação um reajuste de 13% considerando inflação de 725% mais o crescimento da economia. Para o piso salarial o aumento pedido é de 30%. No ano passado o reajuste obtido foi de 5% acima da inflação do período. “O setor tem crescido acima do PIB nos últimos anos mas sabemos que há dificuldades. A grande preocupação é a crise financeira“ diz Celso Klafke presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil (Fentac). O começo das negociações com as empresas está marcado para o dia 4 de novembro.

Uma categoria com data-base em setembro e que ainda não concluiu a negociação salarial é a do comércio. A campanha está pendente para 58% da categoria na cidade de São Paulo. Como a crise afetou os prazos de pagamento e elevou o custo do crediário o sindicato diz que as empresas têm argumentado que não é possível negociar reajustes mais altos. “As negociações estão sendo dificílimas apesar de ter sido um ano bom para o comércio. As empresas têm apresentado perspectivas ruins possibilidade de dispensas e diminuição da contratação de temporários no fim do ano“ diz Ricardo Patah presidente do Sindicatos dos Comerciários de São Paulo.

A categoria pede 10% de reajuste para manter o ritmo de quatro anos com ganhos reais. Com o sindicato patronal dos lojistas (grupo que reúne 42% dos trabalhadores do setor) foi obtido no último dia 16 um reajuste de 9%. O acordo também elevou de 50% para 60% o adicional de hora-extra e deu estabilidade de 30 dias após o retorno de férias. Para os demais trabalhadores está sendo oferecido reajuste de 85% mas o sindicato quer os mesmos 9%. Em 2007 o reajuste total foi de 63%.

Entre os grupos que já fecharam acordo e conseguiram aumentos além da inflação até setembro (de 715% pelo INPC) está o dos petroleiros que conseguiram aumento real de 26% a 35% para quem está na ativa e reajuste de 617% para os aposentados.

A proposta feita pela Petrobras no começo da semana passada embute reposição da inflação de 715% pelo INPC mais aumento real de 25% a 35% para quem está na ativa e de 617% para os aposentados. Ela está sendo apresentada em assembléia aos funcionários. Hoje ocorrem assembléias em São Paulo Pernambuco e Paraíba. Nos demais Estados ela tem sido aprovada segundo orientação da direção da Federação única dos Petroleiros (FUP). “A nossa avaliação é de que a negociação chegou a um bom termo“ diz João Antônio Moraes coordenador da FUP.

A reivindicação inicial da categoria era de reposição da inflação mais 5% de aumento real. A Petrobras ofereceu 15% de ganho além da inflação. A crise financeira estourou quando a empresa apresentava sua terceira contraproposta e segundo o dirigente sindical as perdas com a queda do preço do petróleo e a crise internacional no mercado de crédito foram argumentos levantados pela estatal para negociar reajustes menores. “A crise não afeta os ganhos que a empresa teve no último ano que é o resultado usado para reivindicar aumento“ diz Moraes.

Na avaliação da entidade ter um resultado melhor este ano foi importante diante do cenário indefinido para o ano que vem. “Não sabemos onde essa crise vai parar mas essa campanha de certa forma nos protege contra efeitos negativos“ diz Moraes.

Os bancários fecharam na semana passada – após greve de 15 dias – acordo com reajuste de 10%. A reivindicação inicial era de aumento real de 5% e os bancos ofereciam 185% de alta real. Para os bancários que ganham acima de R$ 25 mil o reajuste será de 815%.

Os trabalhadores têxteis de Blumenau também buscaram seu reajuste por meio de greve que durou 11 dias e contou com a participação de 5 mil dos 30 mil trabalhadores da base. A última greve tinha sido registrada em 1989. O acordo fechado em 17 de outubro fixou aumento salarial de 815% sendo de 1155% para o piso que passou para R$ 616. “A atual crise financeira foi um dos motivos para reter o reajuste em menos de 1% de aumento real“ informou Vivian Bertoldi presidente do sindicato da categoria o Sintrafite. Os empregados iniciaram as negociações reivindicando 15% de reajuste.

Os metalúrgicos da base da Força Sindical no Estado de São Paulo começaram a campanha salarial pedindo 20% de reajuste. No começo deste mês eles conseguiram fechar acordos de 111% de aumento salarial com algumas empresas do grupo de máquinas e eletroeletrônicos e houve paralisações em casos onde o acordo não avançou. Na sexta-feira foram fechados acordos de reajustes de 1034% a 1099% com os demais setores ficando pendente apenas a negociação com o grupo 10 da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). “Os empresários estão tentando usar a crise para enterrar a campanha mas nós negociamos sobre ganhos obtidos pelas empresas“ diz Miguel Torres presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes. No ano passado eles conseguiram 22% de aumento real.

A data-base dos mineiros da Vale é dia 1º de novembro. Paulo Soares presidente do sindicato Metabase dos mineiros extrativistas da região de Itabira que abarca 32 cidades informou que a categoria vai receber um reajuste de 7% conforme negociação feita em 2007. “Foi um acordo feito com a Vale de fechar um percentual de reajuste para valer dois anos seguidos“. Soares que pertence a Central Sindical Comlutas do PSTU dissidência do PT prevê que este ano ao contrário do ano passado quando tiveram um ganho real de 13% vão ter perdas. O ICV do Dieese índice usado pela Vale deve bater em 73% a 74% em doze meses até outubro. “O acordo vai trazer prejuízo para a gente“ diz.
Fonte: Valor Econômico

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