Além do tempo de trabalho há aquele gasto no deslocamento entre a residência e o local de trabalho o utilizado na qualificação profissional e na execução de tarefas fora do tempo e do local de trabalho facilitada pela utilização de celulares notebooks e internet. Como consequência a jornada real é muito maior que a legal o que ocasiona problemas na saúde e na vida pessoal restando pouco tempo para o convívio familiar o estudo o lazer o descanso e a vida coletiva.

é importante desta forma que a sociedade brasileira passe a atuar para uma mudança na legislação no sentido de reduzir a jornada e limitar a hora extra abrangendo todos os trabalhadores independente da categoria profissional e da força do sindicato ao qual pertençam. Essa atuação pode apoiar as entidades sindicais que continuarão as negociações de mudanças na jornada de trabalho nas relações diretas com os empregadores.

No contexto atual o Brasil criou condições favoráveis para a redução da jornada de trabalho uma vez que apresenta crescimento continuado e estabilidade econômica. Também não haveria pressão de custos do trabalho. Para ilustrar essa afirmação vale lembrar dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que mostraram que em 1999 a participação dos salários no custo da indústria de transformação era de 22% em média. Fazendo as contas uma redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais (de 909%) representaria aumento no custo total de produção de apenas 199%. Além disso o custo da mão-de-obra no Brasil é muito baixo comparado a diversos países de forma que a redução da jornada não traria prejuízo à competitividade das empresas sobretudo porque o diferencial na competitividade não está no custo da mão-de-obra mais sim nas vantagens sistêmicas que o país oferece.

Finalmente a redução da jornada de trabalho é um bom instrumento para melhorar a distribuição de renda bem como a geração de novos empregos. Se todos trabalharem um pouco menos todos poderão trabalhar.

Por: Clemente Ganz Lúcio – Diretor-Técnico do Dieese

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