‘Temos no cartão de crédito os juros mais altos do mercado e o uso do plástico está crescendo muito. Isso é um grande risco para que haja um assombroso aumento do nível de endividamento do brasileiro“ alerta a economista Ione Amorim do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec). “Mas creio que estamos no meio do processo de transformação desse setor“ pondera Ione.

Desde abril deste ano ocorrem mensalmente reuniões convocadas pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministério da Justiça entre os administradores dos cartões (que são os bancos) a Associação Brasileira das Empresas de Cartões e Serviços (Abecs) e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) para debater os gargalos do segmento e pensar em soluções.

Paralelamente a isso o Banco Central (BC) receberá até o fim deste mês documentos das administradoras dos cartões com pleitos e sugestões de o que seria bom em uma regulamentação de cartão de crédito. Uma fonte do BC que pede para não ser identificada explica que esses pleitos passarão a ser analisados pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no dia 1.º de outubro para que até o fim deste ano a regulamentação do setor entre em vigor.

“Na situação que estamos hoje o setor de cartão de crédito no Brasil está abandonado. Ninguém cuida deste segmento e quem sai prejudicado é o consumidor“ afirma Maria Inês Dolci da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor ProTeste.

No atendimento à reportagem Febraban Banco Central DPDC e Abecs responderam às solicitações encaminhando o pedido para outra instituição. A Febraban afirmou que cartão de crédito é assunto para a Abecs que durante toda a semana não tinha um porta-voz disponível. O DPDC encaminhou as entrevistas ao BC que reenviou ao DPDC. “é assim que estamos. Não dá mais para haver essa omissão“ critica Ione do Idec.

Para se ter uma ideia do volume de reclamações do setor e da necessidade de haver regras mais rigorosas do total de reclamações registradas pelo DPDC 35% se referem a questões financeiras e desse total mais de 70% estão ligadas à cobrança de taxas irregulares pelas empresas de cartão de crédito.

Regresso. As diretoras do Idece e da ProTeste chamaram a atenção para a intenção de se iniciar a cobrança de uma sobretaxa aos consumidores que pagam com cartão de crédito e débito. “Não sabemos se isso virá na regulamentação mas é preciso que haja um movimento forte para que essa sobretaxa não ocorra“ frisa Maria Inês da ProTeste.

A possibilidade de diferenciação de preço conforme o meio de pagamento utilizado é uma reivindicação do comércio. Os vendedores alegam que as taxas cobradas pelas administradoras de cartões de crédito são altas: variam de 2% a 5% do faturamento mensal das vendas com os plásticos segundo informações do Sindicato dos Lojistas do Comércio de São Paulo (Sindilojas-SP).

“Mas não está certo taxar a compra com o cartão. é dar um passo para trás. O consumidor tem direito de escolher como quer pagar“ emenda Ione do Idec.

As especialistas em defesa do consumidor lembram que o Código de Defesa do Consumidor proíbe a cobrança de preços diferenciados conforme o meio de pagamento utilizado. E em julho de 2009 o Senado aprovou a mudança da lei abrindo a possibilidade da fixação de preços distintos para vendas com cartões dinheiro ou cheques mas no mês seguinte a nova regra foi vetada na Câmara dos Deputados.

PARA USAR BEM…

Anuidade.
Verifique o valor da anuidade cobrada e o tipo de cartão que está sendo contratado. Uma pequena pesquisa de preços em algumas instituições pode significar economia

Comprovantes.
Guarde os comprovantes de compra e confira sempre o extrato do cartão. Essa medida evita aborrecimentos como a cobrança por compras não realizadas
Pagamento mínimo.
Nunca pague o valor mínimo da fatura. No vencimento liquide o débito. Os juros são os mais altos do mercado superando 10% ao mês

Vencimento.
Procure pagar sempre na data de vencimento. Assim não haverá cobrança de juros

Saque.
Evite sacar dinheiro com o cartão de crédito. Os juros cobrados são muito altos e chegam a 129% ao mês equivalentes a quase 300% ao ano. Se a opção do saque for inevitável procure quitar o mais rápido possível para pagar o menor porcentual de juros

Parcelas.
Evite as compras parceladas. Muitas lojas anunciam as vendas “sem juros“ de forma enganosa segundo o Idec. “Na verdade os juros estão embutidos nas parcelas e poderiam ser descontados se a compra fosse à vista“ explica o Instituto.

Fonte: O Estado de S.Paulo

Diretoria Executiva da CONTEC

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