A seguradora vai estruturar um PGBL e um VGBL. Ao aplicar no fundo os recursos serão direcionados para um fundo multimercado gerido pela Orbe. Esse fundo seguirá as regras de ter 49% em renda variável e 51% em renda fixa. Segundo Fernando Camargo sócio da Orbe a parte de renda variável será composta por 25 papéis. Na renda fixa inicialmente os recursos serão aplicados em títulos públicos pós-fixados (LFTs) mas com o tempo o fundo poderá ter outros papéis como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) ou debêntures.

A taxa de carregamento será zero e o investimento mínimo de R$ 10 mil. Não haverá taxa de carregamento mas o investidor que aplicar e decidir sacar no curto prazo terá um “pênalti“. Se resgatar antes de um ano terá de pagar 3% percentual que cai até 1% para quem ficar até três anos. Depois não haverá mais a cobrança. Além disso para evitar que o investidor utilize uma aplicação de longo prazo como é o caso da previdência para ganhar num curto espaço de tempo os pedidos de resgates só poderão ser feitos a cada 60 dias.

Além da Orbe Gávea BRZ Fram Capital e Credit Suisse Hedging-Griffo são algumas das gestoras independentes que já fecharam parceira com seguradoras para oferecer previdência.

A carteira de previdência da Orbe vem depois de um período complicado para a gestora que viu o patrimônio total de seus fundos cair sensivelmente por conta da crise. O último fundo criado pela gestora foi o Balance um multimercado equity hedge (tipo de carteira que busca ganhar utilizando arbitragem com ações e seus derivativos) em abril de 2006. Mas a crise que assolou os mercados em 2008 fez com que a gestora incorporasse a carteira ao carro-chefe da empresa o fundo de ações Orbe Value.

Em setembro daquele ano quando o banco Lehman Brothers quebrou um dos distribuidores que mantinham um fundo-espelho resolveu liquidar a carteira. Isso fez com que o gestor precisasse vender papéis de baixa liquidez no pior momento da crise o que trouxe fortes perdas. Além disso como boa parte do portfólio era formado por papéis de menor liquidez ao vendê-los a desvalorização das ações aumentava ainda mais.

O mercado de “value investing“ (que aplica em empresas cujas ações estão subvalorizadas em relação ao valor patrimonial) praticamente acabou por conta da crise em 2008 diz Camargo. “Naquela época virei praticamente gestor de passivos.“ Só para se ter uma ideia do impacto da crise a Orbe iniciou 2008 com R$ 480 milhões sob gestão e ao longo daquele ano chegou a R$ 520 milhões mas encerrou em R$ 200 milhões. Boa parte no entanto foi recuperada e agora o total de ativos de terceiros soma R$ 350 milhões.

“O dano que um analista de ações ruim pode causar ao investidor ao fazer um relatório malfeito é menor do que os prejuízos à pessoa física causados por um consultor financeiro mal preparado“ diz Camargo. “E esses profissionais (os consultores) nunca são responsabilizados; em 2008 muita gente perdeu dinheiro por ser mal-assessorado.“

No ano passado o Value apresentou retorno de 3562% bem abaixo dos 8266% do Ibovespa ou mesmo dos 8765% do FGV-100 que serve de referencial para o fundo. “Chegamos a ter 20% da carteira em caixa pois o mercado corrigiu os preços muito rápido e as oportunidades ficaram escassas.“

Na avaliação de Camargo este será um ano propício para “stock picking“ (escolha seletiva de papéis). “As ações de primeira linha estão com preços muito próximos dos considerados justos e há boas oportunidades em ações que não atraem tanto os holofotes e que ainda têm preços atrativos.“

Fonte: Valor Econômico / CONTEC’

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